Jornadas Bolivarianas acontecem de 25 a
27 de abril de 2016, na Universidade Federal de Santa Catarina
A América
Latina viveu no início do século XXI novo período histórico que podemos
qualificar de "consenso nacional popular”. A partir do ano de 1998, com a
eleição de Hugo Chávez para a presidência da Venezuela, novas propostas
políticas e econômicas começaram a surgir.
A experiência
conhecida como "bolivariana” permitiu a emergência do novo
constitucionalismo jurídico na América Latina, nova configuração do
estado-nacional, redefinição da correlação de forças no interior das nações,
afirmação e ampliação de direitos sociais, reorientação da política externa e
nova política econômica, entre outras. Na mesma direção, governos de orientação
progressista foram eleitos em diversos países (Brasil, Argentina, Uruguai,
etc.,) que também orientaram as decisões de estado na direção oposta àquelas
aplicada nos tempos do neoliberalismo e, no cenário continental, sugeriam que
mudanças estratégicas e estruturais estavam sendo tomadas na América Latina.
Após quase duas
décadas de mudanças, o cenário parece inclinar-se novamente na direção oposta: há
evidentes sinais de esgotamento do "consenso nacional popular” que vingou
até pouco tempo e o pêndulo latino-americano agora, inclina-se, novamente, na
direção conservadora.
Este movimento
conta também com importante apoio da população, razão pela qual os processos
eleitorais que até bem pouco tempo apenas confirmavam a posição soberana da
"esquerda”, expressam a emergência de governos conservadores mais ou menos
afinados com o antigo ideário neoliberal. Em resumo, o continente vive um novo
momento no qual o antigo "consenso nacional-popular” é incapaz de
representar os interesses das maiorias e pouco eficaz para conter os interesses
dominantes que sempre comandaram os estados nacionais.
Assim,
consideramos que vivemos um novo período da vida política, social e cultural no
continente que ainda não assumiu perfil definido, mas, certamente, cobrará
melhor definição nos próximos anos. O estado-nacional está uma vez mais em
disputa sob nova condições.
O esforço
teórico para identificar e, sobretudo, prever os desdobramentos da evolução
recente do estado e da economia na América Latina, captar as principais
contradições e antagonismos da conjuntura, elucidar o dinamismo da crise com
suas possibilidades e limites, exigirá das ciências sociais notável
protagonismo.
Portanto, o
evento que organizamos assume completa relevância no momento em que distintas
organizações sociais (empresariais, sindicais, partidárias e sociais) revelam
escassa capacidade de análise, fato que abre novas exigências sobre a
universidade e autorizam ambição intelectual aos acadêmicos.
Nossa pretensão
nessas jornadas de abril é dupla. De um lado, a elaboração de diagnóstico sobre
a dinâmica geral da crise e seus possíveis desdobramentos em termos econômicos,
políticos e sociais; de outro, a elaboração de reflexão sistemática para as
organizações sociais (movimentos, partidos políticos, sindicatos,
parlamentares, etc.,) a partir de uma tradição que acumulamos na última década
de existência do IELA-UFSC, a saber, o pensamento crítico
latino-americano.
Assim, por
conta desse quadro é que identificamos a necessidade de refletir o novo
momento vivido pelo continente, para compreender quais são os caminhos que se
configuram para os governos e os povos da América Latina e Caribe.
A XII edição
das Jornadas Bolivarianas contará com a presença de intelectuais de grande
prestígio nas ciências sociais da região e com projeção mundial. Já estão
confirmados Heinz Dieterich (Universidad Autónoma Metroplitana - México), Mabel
Thwaites Rey (Instituto de Estudos da América Latina e Caribe da UBA -
Argentina), John Mário (Universidad Nacional de Colombia), Jorge Almeida (UFBA)
do Brasil e Cláudio Katz (Universidade de Buenos Aires – Argentina). Também
virão intelectuais do Equador, Cuba, Bolívia e Venezuela.
Reproduzido de Portal IELA
08 jan 2016
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