Análise do jornalista Juca Kfouri, um dos convidados das Jornadas Bolivarianas
Aquilo que os pessimistas previram está mais uma vez demonstrado pela
reportagem de Bárbara Macri e Bernardo Itri: a Copa do Mundo no Brasil,
que foi anunciada como a da iniciativa privada pelo governo e pelo
comitê que a organiza, é pornograficamente pública.
Orlando Silva disse o que disse e Ricardo Teixeira escreveu o que
escreveu --e escreveu na página 2 desta Folha: "Tenho dito e repetido
inúmeras vezes que defendo um modelo para a Copa do Mundo no Brasil com
viés predominantemente privado".
Tudo bem que ambos tiveram que se demitir dos respectivos postos e nem
foi por mentir, mas por acusações, e provas, ainda mais comprometedoras.
Um virou suplente de vereador em São Paulo e o outro vive na Flórida.
O que a reportagem revela cabalmente, com 97% dos investimentos nos
estádios via dinheiro público, além de 85,5% do total empregado para a
realização do megaevento, seria um escândalo em qualquer país sério.
O dinheiro de todos financiará o lucro de poucos, como aconteceu na
África do Sul, que ficou com uma dívida de US$ 4 bilhões, os mesmos US$ 4
bilhões que a Fifa anunciou de lucro. Mas lembremos: a Fifa não pede a
ninguém que sedie seu evento.
Sim, o Brasil terá novos estádios, como na ditadura, ao menos quatro
deles fadados a virar elefantes brancos, em Cuiabá, Brasília, Natal e
Manaus, sem se dizer que praças de esportes nunca foram polos de
progresso.
O pior é que já se anuncia a desistência de boa parte dos legados em infraestrutura e mobilidade urbana.
Mas não há de ser nada: sempre haverá quem transforme espírito crítico e
cidadão em pessimismo ou em desprezível campanha publicitária.
Artigo publicado na Folha de São Paulo.
Artigo publicado na Folha de São Paulo.
Um comentário:
Olá, pessoal!
Indico o excelente domumentário sobre a crise na Grécia, caso os colegas já não o conheçam.
"Debitocracia"
http://www.youtube.com/watch?v=nwlJDAufvnM
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